Strips (da Alma)

Saturday, July 09, 2005

Shadows

A sombra… Lugar fresco e gélido onde aqueço e regenero a alma, mas com a calma que a sombra proporciona a quem dela quer algum conforto.
Vamos fingir então que a sombra é uma pessoa, porque efectivamente pode-se sem prejuízo da raça humana fazer essa analogia, pode fazer-se, porque a sombra foi interpretada pelos Homens e por isso tem tantas perspectivas e tantas formas de se encarar como o próprio Homem.
É engraçado constatar isto só durante a construção da sombra deste texto, ou seja o que eu quero dizer é que, as entrelinhas do texto funcionam um pouco como a sua sombra, mas só vemos sombra se houver luz a incidir sobre algo, então, e já que este texto tem sido uma analogia dele próprio, a luz seria o olhar do leitor a incidir nas letras. No entanto a sombra “roda” conforme a posição do foco de luz e isso seria representado com os diversos ângulos de que este texto pode ser olhado por um ou mais leitores.
Passada esta fase mais literária, acho que devo falar da sombra que qualquer coisa animal ou objecto produz. Falando disso pode dizer-se que neste caso a sombra é mais abrigatória e menos abstracta, aliás as minhas noções de sombra advêm do facto deste elemento físico existir.
Passando então para um tom mais próprio meu (sentimental) diria que por muitas vezes visto o fato da sombra física, descansando à sombra, para que combine com a parte da alma que vive momentos de escuridão, mas com certeza já me sentei, deitei e fiquei de pé á sombra física para poder desfrutar da luz que houve em tempos dentro do meu ser (queria esclarecer que particularizo em mim mas que tomo em consideração todos).
Gostava e lembro-me disso muitas vezes, que por vezes o corpo se aquecesse á sombra, e porquê? (esta sombra é mais abstracta) Porque já existiram vezes em que o meu corpo aqueceu numa sombra junto a mais alguém. Mas sozinho é muito mais difícil. Embora por vezes tente faze-lo…
A Sombra e a minha sombra andam inteiramente ligadas, de tal forma que muitas vezes não consigo discernir nem delimitar a minha sombra no passeio. Ás vezes essa sombra podem ser só reflexos numa t-shirt mas depende de quem a veste fazer parecer esses reflexos tristes ou alegres. È um pouco como vestir a camisola da vida quando nascemos, depois vamos colorindo apagando e rasgando e cozendo até que um dia ela nos deixa de servir, mas até lá já fizemos muitos desenhos nela.
A sombra também pode ser e é com certeza um elemento erótico, não quero entrar em pornografia, mas sim em erotismo, porque escondendo sobre o seu “manto” partes da pessoa, que podem ser partes aparentemente sem importância mas que escondidas na penumbra realçam outras de modo a tornar o corpo, desejável aos olhos daqueles que deixamos olhar assim.
Por isso escondendo coisas, partes, sentimentos, ou outros a sombra mostra o outro lado de uma “coisa” que por vezes sem essa interpretação ficaria incompleta.
Terminando em tom menos analítico e mais poético:
- Se a sombra me quiser consumir… pois que consuma, mas que “ela” não se esqueça que não se consegue consumir a si própria!

Sapo
(Emanuel Almeirante)